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O que esperar para a economia gaúcha em 2015?

Fernando Ferrari Filho

Entre 2011 e 2014, caso sejam confirmadas as previsões de expansão dos PIBs nacional e gaúcho para o último ano, as taxas médias de crescimento do País e do Rio Grande do Sul terão sido da ordem de 1,6% ao ano e 2,5% ao ano, respectivamente.  Apesar de o Estado vir a crescer 0,9 ponto percentual acima do crescimento brasileiro no referido período, isso não quer dizer, todavia, que a economia gaúcha esteja melhor em relação ao País e, mais ainda, tenha mitigado seus obstáculos ao crescimento e, por conseguinte, encontrado seu rumo de expansão sustentável para os próximos anos.

Não querendo nos arriscar sobre a dinâmica da economia gaúcha para os próximos anos, principalmente pelo fato de que o futuro, à la Keynes-Knight, é condicionado pelo princípio da incerteza radical, centremos a atenção somente para 2015. Em outras palavras, qual deverá ser a performance da economia gaúcha no próximo ano?  Em nosso ponto de vista, pelo menos três fatores devem influenciar a referida performance.

Em primeiro lugar,  ciente de que os próximos dois anos serão difíceis para a economia brasileira, uma vez que ajustes fiscal e monetário estão sendo sinalizados pela nova equipe econômica, o setor produtivo gaúcho sentirá os impactos da contenção de gastos públicos e da elevação da taxa de juros, cujas consequências, no curto prazo, são taxas de desemprego maiores, arrefecimento do investimento privado etc. Segundo, visto que as últimas projeções do Fundo Monetário Internacional  (Economic Oulook de outubro de 2014) são de que, em 2015, a economia mundial continuará crescendo modesta e assimetricamente, bem como os preços das commodities, agrícolas e minerais, continuarão caindo, o setor agropecuário do Rio Grande do Sul deverá crescer a uma taxa semelhante à de 2014 – a despeito das estimativas de expansão da safra de grãos (segundo o IBGE, a safra de 2015 deve ser 2,5% maior do que a produção de 2014) e da desvalorização cambial que compensa, parcialmente, a queda dos preços agrícolas no mercado internacional –  e, portanto, muito abaixo da extraordinária taxa de crescimento de 2013.

Assim, sendo este setor o principal responsável pelo crescimento do PIB nos últimos anos, uma taxa de crescimento menos dinâmica da agropecuária em 2015 tenderá a impactar “negativamente” o PIB gaúcho. Terceiro, a situação fiscal do governo – mesmo com a perspectiva de se economizar recursos financeiros com a aprovação do projeto de lei que altera o indexador das dívidas de estados e municípios com a União – continuará sendo complexa e as contas públicas deverão ser equilibradas “criativamente”. Como consequência, o Estado, sem condições de elevar a pífia relação investimento público/PIB, continuará tendo sérias carências de infraestrutura.

Em suma, em 2015 há indícios de que a economia gaúcha continue na sua, parafraseando Lennon e McCartney, (long and winding road).

Professor titular do Deri/Ufrgs e pesquisador do CNPq

Fonte: Jornal do Comércio

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